19 de março de 2015

Um ano diferente


Quando surgiu no Kickstarter, contribuí imediatamente para o financiamento do livro da Monika Kanokova, This Year Will Be Different. Nesta fase de lançamento do meu trabalho por conta própria, o tema não poderia ser mais apropriado: uma colecção de histórias inspiradoras sobre mulheres que, como eu, um dia decidiram que não iriam mais trabalhar para outros e que estava na hora de seguir o seu sonho.
O livro foi totalmente financiado por crowdfunding e eu recebi o meu exemplar digital. Mas não o li logo e iria ficar esquecido nos confins do meu computador se não fosse o meu homem ter decidido fazer-me uma surpresa e ter-me comprado a versão encadernada, com direito a uma dedicatória da autora. Foi, sem dúvida, uma boa surpresa! Comecei a lê-lo nessa mesma noite e posso dizer que estou fascinada. Ainda só li 6 histórias/entrevistas (entre as quais, uma portuguesa cujo blog já seguia, aliás, foi ela que me deu a conhecer este projecto) e já sinto que aprendi imensa coisa sobre a forma como posso ser bem-sucedida na minha carreira independente.
Cada entrevista tem uma espécie de prefácio com dicas e truques para ser uma freelancer bem-sucedida. O livro está escrito no feminino e, talvez por isso, aliado a um discurso directo e apelativo, parece que se dirige directamente a mim. Consigo rever-me até mesmo nas histórias de mulheres com carreiras no extremo oposto da minha, como fashion bloggers ou designers de fontes de letras, e retirar ideias de sugestões de capítulos que inicialmente pouco ou nada me diziam, como o capítulo sobre deixar o nosso eu-perfeccionista lá fora (perfeccionista, eu?).

Aprendi, por exemplo, que tenho mesmo de trabalhar no meu website profissional e como o posso fazer da melhor maneira, que tenho de fazer os meus preços e ser-lhes fiel (confesso que me adapto ao preço que as agências fazem, quando devia ser ao contrário, e que sou demasiado mole quanto tenho de negociar preços e prazos) e que a melhor maneira de apresentar amostras do meu trabalho sem comprometer a confidencialidade a que sou obrigada quando faço uma tradução, é colocar no meu website traduções realizadas por iniciativa própria e que tenham a ver com as minhas áreas de especialidade para apresentar a potenciais clientes sem violar nenhuma questão ética. Nunca tinha pensado nisso, mas parece-me uma excelente ideia.

Não me parece que haja algum capítulo que ensine a dizer que não, a pesar os prós e os contras de aceitar determinados trabalhos e a tal relação custo/benefício de já falei aqui, pois é uma das coisas em que tenho mais dificuldade... Mas estou certa de que hei-de aprender isso a algum custo (o meu, certamente) e até já estou a dar pequenos passos que me libertem algum tempo livre e espaço para trabalhar na minha apresentação aos clientes, na minha presença nas redes sociais como tradutora e na optimização dos processos de trabalho. Porque tudo isto é importante.
(O facto de a minha mais velha ter ficado doente e me ter obrigado a esvaziar a agenda foi, sem dúvida, uma boa maneira de conseguir um final de semana de trabalho mais desafogado).

Além disso, sinto-me impelida a contribuir para o sucesso de alguns dos projectos destas mulheres, como o copo menstrual da Maxie Matthiessen que ajuda à escolarização das meninas em África ou os livros que Frances M Thompson publicou sozinha e estão à venda na Amazon a um preço muito simpático. São mulheres como eu que concretizaram os seus sonhos e merecem continuar a ter anos diferentes, todos os anos.

(Falei deste livro a primeira vez aqui. É bom saber que há ideias que não caem em saco roto.)

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